sábado, 16 de março de 2013

Atenção, o foco da cognição


Quando lembramos de um evento no passado, estamos realizando a evocação de um conteúdo de memória. Mas para que isso aconteça, em primeiro lugar, é preciso que esse conteúdo tenha sido eficientemente gravado. Memória é gravação e recuperação de dados. Como em um computador, se não salvamos adequadamente um arquivo na mídia apropriada, não teremos como abri-lo novamente depois. Se eu lhes disser, por exemplo, que estou escrevendo esse artigo pela segunda vez porque o rascunho não foi salvo adequadamente pelo computador, entenderão perfeitamente o que quero dizer.

A atenção é a capacidade que temos de focalizar um objeto ou grupo de objetos externos(sensoriais) ou internos(pensamentos) que aparecem aos nossos sentidos. Esse processo é indispensável para que os dados a serem salvos no banco de memórias sejam isolados e enviados ao processo de gravação. Por meio da atenção, dedicamos nossos esforços e energia intelectual para o alvo escolhido e eliminamos tudo aquilo que não se relaciona diretamente ao nosso desejo.
Em termos cerebrais, existem 3 tipos de atenção: a bottom-up, a top-down e a domínio-específico.
bottom-up ou, de baixo para cima, refere-se à atenção que temos aos estímulos externos ou internos que chegam até nós e que recebemos de maneira difusa. Imagine-se como um animal andando numa floresta, atento a qualquer pequeno barulho, cheiro ou sensação tátil que se apresente durante seu caminhar. Em primeiro lugar, recebemos todos os estímulos, para depois decidir o que cada um significa e sua relevância para nossa ação. Essa atenção depende do tronco cerebral e dos sistemas ativadores do estado de alerta ou vigília que vêm de baixo para cima; é bastante primitiva e instintiva. Bastante típica também das crianças que estão sempre atentas a tudo e a nada ao mesmo tempo.
Já a atenção tipo top-down, ou de cima para baixo, começa lá em cima, no córtex cerebral e sobrepuja os mecanismos de atenção instintivos. Ela se traduz na capacidade que temos de focalizar a atenção segundo nosso desejo e vontade, proporcionando a concentração mental. Um exemplo dessa atenção é quando lhe chamam para sair no sábado à noite e você decide ficar em casa para estudar. Enquanto estuda, alguém liga a TV e lhe lembra que seu programa preferido vai começar. Apesar das coisas que lhe excitam emocionalmente, como a balada ou a TV, sua determinação é capaz de eliminar da mente esses objetos de prazer e se direciona à matéria que precisa ser aprendida. É claro que a atenção top-down depende de amadurecimento cerebral, deve ser estimulada na escola e em casa e pode ser treinada durante a vida.
Por fim, a atenção tipo domínio-específico corresponde a uma modalidade que agrupa vários tipos de atenção, mais localizadas em certas áreas do cérebro, cada uma correspondendo a uma experiência sensorial. Há uma atenção visual-espacial que será envolvida na apreciação estética, outra relacionada à audição e à música e assim por diante.Esses três processos mencionados serão responsáveis pelo funcionamento prático da atenção. Compreendendo essa dinâmica mental, podemos até melhorar nosso desempenho intelectual. A atenção é uma modalidade cognitiva com vários aspectos práticos, como os que veremos a seguir, e que implicam na eficiência do aprendizado.
Inicialmente, é preciso ter um estado de alerta que surge de um despertar dos sentidos. Se estamos sonolentos, não estamos suficientemente despertos e não temos a atenção necessária para gravar dados na memória. O melhor é descansar um pouco, um cochilo de meia hora, e depois continuar o trabalho intelectual. Ou talvez, levantar da cadeira, fazer polichinelos ou cantar uma música com a criançada para enganar o cérebro e acordar os sonolentos.
Além do alerta, a atenção envolve também a vigilância que é a capacidade de persistir com um determinado objeto por um certo tempo. Essa habilidade pode ser treinada e expandida, mas normalmente não conseguimos mantê-la por mais de 40 minutos. Portanto, sessões muito prolongadas de estudo perdem em efetividade conforme o tempo passa. O melhor é dividir o estudo em períodos de até uma hora, com intervalos de descanso.
Existe também a capacidade de focalização que consiste em poder eliminar outros objetos potencialmente interessante do seu campo de pensamento. A perda desse aspecto da atenção se revela como devaneios ou distrações durante um esforço intelectual. Assim, é importante monitorarmos continuamente nosso estado de focalização e decidir, quando o perdemos, se precisamos nos concentrar mais ou descansar. Pode ser também que existe um objeto em particular que o esteja perturbando, como a vizinha gritando com a filha adolescente. Se for possível, elimine o o problema e volte ao estudo.
Finalmente, existe o que chamamos de atenção dividida que é a possibilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Atualmente, tal como os sistemas operacionais de computadores, queremos ser sempre “multi-tarefa”. Só que embora sejamos capazes de dirigir e conversar com alguém ao lado, enquanto ouvimos o rádio, no momento de uma curva perigosa, esquecemos todo o resto para focalizar no mais importante. Do mesmo modo, o adolescente deve saber que é capaz de ler, ouvir o ipod, digitar no MSN e atualizar o Twitter; mas essa atenção dividida, embora seja atenção, não é o mesmo tipo de atenção necessária para aprender uma lição de matemática ou história.
Se conhecimento é poder, aqui compartilho o que espero ser capaz de empoderar os leitores e melhorar seu domínio sobre os processos cognitivos. Compreender e desenvolver os mecanismos de atenção é fundamental para tirar o máximo proveito de suas capacidades de memória. Mas, lembre-se: depois de feito o trabalho, tire um tempo para relaxar e viver a vida com as pessoas que gosta porque isso também é fundamental.
Tel: 11-3266-7024/2476-0346

terça-feira, 12 de março de 2013

TDAH EXISTE?

Escrito por Roger Soares   
A resposta parece óbvia. Mas diante da pergunta se TDAH existe, são igualmente convictos os que respondem sim e os que respondem não. As argumentações costumam elencar vários pontos de vista, cada qual com seu valor, e não se alcança um veredito final. Nesse texto discutiremos alguns dos problemas relacionados ao conceito de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e defenderemos o ponto de vista da pessoa afetada que necessita de uma solução prática.
Grosso modo, podemos dizer que existem duas grandes visões a respeito do tema: uma teoria que sustenta que o TDAH tem um fundamento biológico, sendo uma conseqüência do desenvolvimento inadequado do cérebro e outra teoria que defende que os comportamentos identificados como TDAH são decorrentes de fatores sociais, psicológicos e culturais que segregam as crianças e adultos que não se conformam com os padrões aceitos de conduta. Evidentemente, a medicina e as neurociências tendem à visão mais biológica e os teóricos das ciências humanas recorrem mais à interpretação de que as circunstâncias são as responsáveis pelo problema.
Poderíamos decidir por um meio-termo sábio e buscar uma justa medida ou um acordo entre as partes, de modo a conciliar ambas visões e desfazer o dilema. Mas o problema não é simplesmente teórico e uma solução exclusivamente no plano do discurso não resolve o problema do paciente. A conseqüência imediata da adoção de um dos pontos de vista é ter de decidir como intervir para resolver a situação. É isso que está em jogo. O que fazer com as crianças desajustadas com relação ao seu entorno e com o estresse que isso gera para elas mesmas e para quem convive com elas é a questão principal a se solucionar. 
A perspectiva mais biológica defende a adoção de intervenções farmacológicas como formas efetivas de alterar o funcionamento do cérebro e o aproximar daquilo que seria considerado normal. De fato, os estudos científicos populacionais apontam para uma resposta positiva em 70% das pessoas que recebem estimulantes do sistema nervoso central. Já a intervenção comportamental isolada tem pouca eficácia nessas pesquisas. Por outro lado, para os que entendem que o TDAH é um problema de choque de gerações e uma conseqüência da cibercultura, as crianças com esses comportamentos já são normais e não precisam ser acondicionadas em caixas de pensamento para serem aceitas na sociedade. Quem tem que mudar é a sociedade que não lhes permite expressar a individualidade. 
Se isso for verdade, temos um problema de ordem prática, pois a sociedade muda lentamente e grandes mudanças levam gerações para se consolidarem. Por conseguinte, o benefício a se esperar para um indivíduo é mínimo. Ela não viverá o suficiente para ver ou perceber tais mudanças. Claro que isso não descarta a necessidade de lutar por uma educação mais inclusiva e aberta.
A indústria médica lucra com a venda de medicamentos de alto custo, os profissionais de saúde ganham pacientes, a ordem econômica e política estabelecidas garantem a formatação das futuras mentes pensantes para servirem como continuadoras do modelo vigente. Em contrapartida, existe também uma indústria das intervenções não-medicamentosas, inclusive as metodologias alternativas de ensino que com bastante freqüência custam mais caro e não preparam para os cortes representados pelo ENEM e pelo vestibular. Se há uma pressão político-econômica do lado de rotular a doença, há também uma força oposta com seus interesses igualmente políticos, econômicos e ideológicos cuja abrangência e metas ultrapassam o âmbito das crianças com TDAH, ainda que se sirvam delas como bandeira.
Mas qual o ponto de vista do paciente? Contrariando os argumentos que culpam a escola por não dar conta dessas crianças mais elétricas, os pacientes com TDAH têm dificuldades que ultrapassam, em muito, o mau desempenho acadêmico. Seus problemas não se restringem às notas em matemática ou português. Eles chegam atrasados a compromissos, mesmo àqueles que os deixaram ansiosos por dias de antecipação. Muitos não conseguem sustentar relações afetivas por longo prazo. Estão mais sujeitos a comportamento de risco como sexo desprotegido e uso de drogas recreacionais, mesmo sendo bem educados a respeito. Podem ter surtos de explosões emocionais e não conseguem se submeter a figuras de autoridade ainda que possam ganhar com isso, como no caso de obedecer aos pais ou aprender com os professores. A falta de atenção e a hiperatividade podem comprometer a capacidade de aproveitar prazeres banais como assistir a um cinema ou ler um livro e ainda aumenta o risco de acidentes de trânsito.
Por esses motivos é que o Diagnóstico Estatístico de Doenças Mentais(DSM-IV) afirma os critérios para o diagnóstico de TDAH:
  • O indivíduo deve ter 6 de 9 sintomas de falta de atenção e/ou de hiperatividade, 
  • Os sintomas precisam ter começado antes dos 7 ou dos 12 anos,
  • devem estar presentes nos últimos 6 meses e, obrigatoriamente 
  • devem ter um impacto negativo na funcionalidade em pelo menos 2 ambientes da vida. 
Isso significa que problemas escolares isolados não justificam um diagnóstico, muito menos um tratamento para TDAH. É preciso que outras áreas da vida estejam prejudicadas e causando sofrimento para o paciente para que a doença seja reconhecida. Apesar disso, existe um mito de que pessoas com TDAH são criativas e representam a geração do futuro.
Em toda a história sempre existiram aqueles à frente do seu tempo. Foram, são e serão os inovadores, os revolucionários, os subversores da ordem estabelecida, os visionários e outros outsiders dos vários campos de saber. Essas pessoas se abrem para o futuro a despeito das amarras de seu tempo e com isso deflagram as transformações sociais, educacionais, políticas e afins. Os exemplos proliferam em todas as áreas, inclusive no Brasil: Paulo Freire, João Gilberto e os pioneiros da bossa nova, Ulysses Guimarães nas Diretas Já, Teotônio Vilela, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral. A lista é interminável.
Entretanto, as pessoas com TDAH de verdade não alcançam esses altos índices de funcionalidade. Ao invés disso, sentem-se “underachievers”, pessoas com a sensação de que não conseguem se desenvolver por toda a extensão de seus próprios potenciais. Em relação à média do grupo, as pessoas com TDAH não caminham na vanguarda, mas se arrastam na retaguarda quando poderiam estar no meio ou até à frente em áreas específicas. São pessoas inteligentes(não mais que os outros) e que não atingem a eficiência na vida diária que se esperaria por sua capacidade de compreensão.
Ainda assim, existe razão em se duvidar do TDAH porque essa é uma condição médica diferente das que estamos acostumados a lidar no cotidiano. Uma pneumonia, por exemplo, não deixa dúvidas: ou você está ou não está com uma infecção bacteriana no pulmão. O raio-X mostra, a febre é inequívoca; o muco purulento e a ausculta confirmam, indicando a necessidade de antibiótico imediatamente. O mesmo não ocorre com o TDAH. Entre uma pessoa inteiramente normal e outra com um quadro de TDAH extremo existem uma gama de sujeitos com combinações e intensidades de sintomas diferentes, formando um continuum.
Onde traçar a linha que limita o que são variações do normal de um lado e o que são gradações da doença TDAH de outro é uma questão delicada. Os critérios diagnósticos do DSM-IV são claros: é preciso ter comprometimento funcional em, no mínimo, 2 ambientes da vida. Contudo existem situações que merecem reflexão. Uma criança normal em uma escola muito puxada pode se sentir deslocada, incapaz e se desinteressar pelo estudo. A escolha da instituição de ensino é função dos pais; provavelmente pais exigentes escolhem escolas exigentes. Se não houver uma adequação de expectativas frente à capacidade do indivíduo, podemos ter aí a frustraçao e o comprometimento nos dois ambientes da vida necessários para o diagnóstico de TDAH.
Sempre haverá casos duvidosos, pessoas que poderiam ter se beneficiado de tratamento e outras que deveriam ter sido dispensadas dele. Existem ainda aqueles que apresentaram sintomas na infância e que se desenvolveram a ponto de se equalizarem, construindo uma história pessoal de sucesso. Infelizmente, a história típica de quem tem TDAH fala de dificuldades e repetências no ciclo básico, ensino médio completado por supletivo ou abandonado, faculdades conquistadas à base de cola e dificuldades nos empregos e nos relacionamentos por toda a vida.
Não podemos fechar a questão e nem teríamos como. Da mesma forma que há alterações genéticas e de espessura cortical cerebral relacionadas ao TDAH, há também fatores psicossociais que interferem no desenvolvimento da pessoa. Nossa visão é de que em muitos casos a soma de tratamento farmacológico e terapias cognitivas e comportamentais ajudam os pacientes e seus familiares a mudar o curso da história e construir um novo futuro. Pesando adequadamente riscos, custos e benefícios, podemos melhorar a vida de muitas pessoas quando nos desvencilhamos dos preconceitos. Nossa resposta deve ser condicionada à repercussão prática na vida de cada paciente.
http://www.doutorcerebro.com.br/portal/o-cerebro/15-tdah/41-tdah-existe

TDAH

http://g1.globo.com/fantastico/quadros/Males-da-alma/noticia/2013/03/drauzio-explica-o-tdah-e-mostra-como-superar-dificuldades-do-transtorno.html

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domingo, 3 de março de 2013

Hiperatividade - O que é ser hiperativo?


A hiperatividade é um dos componentes mais conhecidos do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. A criança hiperativa mostra atividade maior que outras crianças da mesma idade. É comum as crianças serem ativas, sem que isto seja uma hiperatividade anormal ou patológica. A diferença é que a criança hiperativa mostra um excesso de comportamentos, em relação às outras crianças, além de dificuldade em manter a concentraçãoimpulsividade e agitação. A criança hiperativa é um desafio para seus pais, familiares e professores.