domingo, 3 de março de 2013

O que é psicopedagogia clínica?



O Que é Psicopedagogia

      Antes mesmo de entrarmos em uma definição direta a cerca do que seria a psicopedagogia, não poderíamos deixar de lado a questão epistemológica em questão, ou seja, o que no caso antecede a ação.
       Nesse sentido encontramos dois caminhos, sendo um pela abordagem interventiva e o outro pela abordagem preventiva. Assim segundo Porto (2005), a psicopedagogia se constitui como área de prestação de serviços, se constituindo uma área de estudos nova, voltada para o atendimento de sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem.
        Em aspectos gerais, pode-se concluir que a psicopedagogia é a área que cuida de uma reelaboração do processo de aprendizagem propiciando a construção do saber e devolvendo ao sujeito o prazer em aprender, resgatando sua autonomia por meio de um trabalho individual específico e de acordo com suas dificuldades.
        Assim dirige-se sempre a história do individuo visando sua recuperação, e identificando os obstáculos no processo de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que não se esquece que existe uma relação de mediação entre o sujeito que aprende e o sujeito que ensina.
       Nesse sentido podemos concluir que o objeto da psicopedagogia segundo Fernández (2001), não se resume ao conteúdo ensinado ou aprendido ou não aprendido, mas os posicionamentos ensinantes e aprendentes, e assim a intersecção problemática (nunca harmônica), mas necessária, entre o conhecer e o saber.
        
1.2.   A atuação do Psicopedagogo Clínico

         A atuação do psicopedagogo clínico está no campo da Saúde e da Educação, que lidam com os problemas de aprendizagem atuando em um trabalho terapêutico preventivo e reparador.
        Segundo BOSSA (2000, p. 21), a Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana que sucedeu de uma demanda, que não era englobada por outras ciências como a psicologia e a própria pedagogia, assim evoluindo-se devido à existência de recursos, ainda que elementares, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, em uma prática.
       Nesse sentido o psicopedagogo clínico se constitui ao avaliar as condições da aprendizagem, identificando as áreas de competência e de “insucesso” do aprendente, pesquisando e conhecendo a etiologia ou patologia desse aprendente com maior profundidade.
        Diante desse pressuposto, para que isso ocorra com nível considerável de excelência, é essencial o domínio de conhecimentos multidisciplinares por parte desses profissionais, levando em consideração sua rotina de processos e avaliações diagnósticas, sendo assim necessário estabelecer e interpretar dados em várias áreas, como por exemplo: a auditiva, visual, motora, intelectual, cognitiva, acadêmica e emocional.
      O conhecimento dessas áreas possibilita com que o profissional compreenda o quadro clínico do aprendente, favorecendo sua escolha em uma metodologia adequada capaz de possibilitar o processo de uma aprendizagem eficaz.

1.3     A importância do diagnóstico Psicopedagógico Clínico

           Após compreender a função do psicopedagogo, é inevitável reconhecer a sua importância e principalmente a importância de um diagnóstico psicopedagógico eficaz e que atenda de maneira salutar as dificuldades até então detectadas.
          Sabe-se hoje que o ser humano, independente de sua idade cronológica é um ser que aprende, e conforme Gómez e Terán (2009) desde o princípio de sua vida, ainda como bebê em seu cérebro, trilhões de neurônios estão esperando para serem conectados, enquanto outras conexões já se realizaram durante a fertilização e outras com potencialidade infinita aguardam o dia que estarão conectados, seja para realizarem um cálculo, ou até mesmo escreverem uma poesia.
         Nesse contexto, conforme Erik Erikson (1976), em todas as culturas existentes hoje, as crianças durante a fase dos seis aos doze anos, passam por algum tipo de processo de ensino-aprendizagem, e em nossa cultura, que em resumo se afirma como contemporânea e globalizada, a escola seria senão um fator ativo para a criança na formação de uma imagem de si e de sua autoestima, pois segundo a teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson, este é o período em que ocorre a crise evolutiva decorrente do desafio da produtividade, ou seja, segundo Lindahl (1988), é o momento em que a criança quer obter reconhecimento social através de sua capacidade de se preparar para produzir no mundo adulto.
          Diante desses aspectos, muitos sujeitos necessitam de um ambiente seguro, que seja estimulante, onde os erros sejam permitidos e se sintam encorajados a se arriscarem, por isso o papel da família e da escola é muito importante, garantindo a construção de um ambiente seguro para a aprendizagem verdadeiramente livre em detrimento das máscaras que diariamente encontramos nas salas de aulas como elucida Gómez e Terán (2009), ao destacarem que tais máscaras são empregadas por muitos para esconderem suas reais dificuldades, sendo desde o desinteresse aparente até a um mau comportamento, sendo utilizados repetidas vezes como forma de escapar de suas responsabilidades em quanto alunos e também construtores.
       Contudo sabemos que esse não é o caso que presenciamos no cotidiano de muitos sujeitos, e é nesse instante que surge a necessidade da viabilização de um diagnóstico clínico psicopedagógico que seja capaz de investigar a ponto de intervir com eficiência na intenção de extinguir a utilização de máscaras, a fim de esconder o verdadeiro potencial desse sujeito.
      Dessa maneira, quanto mais rápido a dificuldade for detectada por meio de um diagnóstico, menos prejuízo o sujeito terá que enfrentar durante o processo. Para Chamat (2005), é por meio do diagnóstico, que o profissional consegue obter uma reciclagem e uma determinada tomada de consciência do “sujeito que ensina” e do “sujeito que aprende”
        Assim, segundo Visca (1987), o psicopedagogo se constitui no papel de agente corretor, devendo priorizar o conhecimento do sujeito, mesmo que para isso por meio de um diagnóstico, seja  necessário o encaminhamento a outro profissional na composição e finalização da análise.
        Nesse sentido, cabe salientar segundo Chamat (2008), que após o devido diagnóstico cabe somente ao profissional efetuar o planejamento do tratamento ou intervenção pedagógica necessária para corrigir determinadas dificuldades.
       Sendo assim, somente por meio de um diagnóstico clínico preciso, seria possível começar o tratamento, que sobre tudo deverá ser comunicado a todos profissionais que acompanham esse sujeito, incluindo seus pais e a escola, na tentativa de minimizar e/ou extinguir todos os sintomas, devolvendo-lhe a autonomia e o prazer na aprendizagem.

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