O Que é Psicopedagogia
Antes mesmo de entrarmos em uma definição
direta a cerca do que seria a psicopedagogia, não poderíamos deixar de lado a
questão epistemológica em questão, ou seja, o que no caso antecede a ação.
Nesse sentido encontramos dois caminhos,
sendo um pela abordagem interventiva e o outro pela abordagem preventiva. Assim
segundo Porto (2005), a psicopedagogia se constitui como área de prestação de
serviços, se constituindo uma área de estudos nova, voltada para o atendimento
de sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem.
Em aspectos gerais, pode-se concluir
que a psicopedagogia é a área que cuida de uma reelaboração do processo de
aprendizagem propiciando a construção do saber e devolvendo ao sujeito o prazer
em aprender, resgatando sua autonomia por meio de um trabalho individual
específico e de acordo com suas dificuldades.
Assim dirige-se sempre a história do
individuo visando sua recuperação, e identificando os obstáculos no processo de
desenvolvimento, ao mesmo tempo em que não se esquece que existe uma relação de
mediação entre o sujeito que aprende e o sujeito que ensina.
Nesse sentido podemos concluir que o
objeto da psicopedagogia segundo Fernández (2001), não se resume ao conteúdo
ensinado ou aprendido ou não aprendido, mas os posicionamentos ensinantes e
aprendentes, e assim a intersecção problemática (nunca harmônica), mas
necessária, entre o conhecer e o saber.
1.2. A atuação
do Psicopedagogo Clínico
A atuação do psicopedagogo clínico
está no campo da Saúde e da Educação, que lidam com os problemas de
aprendizagem atuando em um trabalho terapêutico preventivo e reparador.
Segundo
BOSSA (2000, p. 21), a Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana que
sucedeu de uma demanda, que não era englobada por outras ciências como a
psicologia e a própria pedagogia, assim evoluindo-se devido à existência de
recursos, ainda que elementares, para atender essa demanda, constituindo-se,
assim, em uma prática.
Nesse sentido o psicopedagogo clínico se
constitui ao avaliar as condições da aprendizagem, identificando as áreas de competência
e de “insucesso” do aprendente, pesquisando e conhecendo a etiologia ou
patologia desse aprendente com maior profundidade.
Diante desse pressuposto, para que isso
ocorra com nível considerável de excelência, é essencial o domínio de conhecimentos
multidisciplinares por parte desses profissionais, levando em consideração sua
rotina de processos e avaliações diagnósticas, sendo assim necessário
estabelecer e interpretar dados em várias áreas, como por exemplo: a auditiva,
visual, motora, intelectual, cognitiva, acadêmica e emocional.
O conhecimento dessas áreas possibilita
com que o profissional compreenda o quadro clínico do aprendente, favorecendo
sua escolha em uma metodologia adequada capaz de possibilitar o processo de uma
aprendizagem eficaz.
1.3 A importância do diagnóstico Psicopedagógico Clínico
Após compreender a função do
psicopedagogo, é inevitável reconhecer a sua importância e principalmente a
importância de um diagnóstico psicopedagógico eficaz e que atenda de maneira
salutar as dificuldades até então detectadas.
Sabe-se hoje que o ser humano,
independente de sua idade cronológica é um ser que aprende, e conforme Gómez e Terán (2009) desde o princípio de
sua vida, ainda como bebê em seu cérebro, trilhões de neurônios estão esperando
para serem conectados, enquanto outras conexões já se realizaram durante a
fertilização e outras com potencialidade infinita aguardam o dia que estarão
conectados, seja para realizarem um cálculo, ou até mesmo escreverem uma
poesia.
Nesse contexto, conforme Erik Erikson
(1976), em todas as culturas existentes hoje, as crianças durante a fase dos
seis aos doze anos, passam por algum tipo de processo de ensino-aprendizagem, e
em nossa cultura, que em resumo se afirma como contemporânea e globalizada, a
escola seria senão um fator ativo para a criança na formação de uma imagem de
si e de sua autoestima, pois segundo a teoria do desenvolvimento psicossocial
de Erikson, este é o período em que ocorre a crise evolutiva decorrente do
desafio da produtividade, ou seja, segundo Lindahl (1988), é o momento em que a
criança quer obter reconhecimento social através de sua capacidade de se
preparar para produzir no mundo adulto.
Diante desses aspectos, muitos sujeitos
necessitam de um ambiente seguro, que seja estimulante, onde os erros sejam
permitidos e se sintam encorajados a se arriscarem, por isso o papel da família
e da escola é muito importante, garantindo a construção de um ambiente seguro
para a aprendizagem verdadeiramente livre em detrimento das máscaras que
diariamente encontramos nas salas de aulas como elucida Gómez e Terán (2009), ao destacarem que tais máscaras são empregadas por muitos para
esconderem suas reais dificuldades, sendo desde o desinteresse aparente até a
um mau comportamento, sendo utilizados repetidas vezes como forma de escapar de
suas responsabilidades em quanto alunos e também construtores.
Contudo sabemos que esse não
é o caso que presenciamos no cotidiano de muitos sujeitos, e é nesse instante
que surge a necessidade da viabilização de um diagnóstico clínico
psicopedagógico que seja capaz de investigar a ponto de intervir com eficiência
na intenção de extinguir a utilização de máscaras, a fim de esconder o
verdadeiro potencial desse sujeito.
Dessa maneira, quanto mais
rápido a dificuldade for detectada por meio de um diagnóstico, menos prejuízo o
sujeito terá que enfrentar durante o processo. Para Chamat (2005), é por meio
do diagnóstico, que o profissional consegue obter uma reciclagem e uma
determinada tomada de consciência do “sujeito que ensina” e do “sujeito que
aprende”
Assim, segundo Visca
(1987), o psicopedagogo se constitui no papel de agente corretor, devendo
priorizar o conhecimento do sujeito, mesmo que para isso por meio de um
diagnóstico, seja necessário o
encaminhamento a outro profissional na composição e finalização da análise.
Nesse sentido, cabe
salientar segundo Chamat (2008), que após o devido diagnóstico cabe somente ao
profissional efetuar o planejamento do tratamento ou intervenção pedagógica
necessária para corrigir determinadas dificuldades.
Sendo assim, somente por
meio de um diagnóstico clínico preciso, seria possível começar o tratamento,
que sobre tudo deverá ser comunicado a todos profissionais que acompanham esse
sujeito, incluindo seus pais e a escola, na tentativa de minimizar e/ou
extinguir todos os sintomas, devolvendo-lhe a autonomia e o prazer na
aprendizagem.
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